As raízes de hardcore da DFront SA se entrelaçaram com passagens catárticas de guitarras dissonantes e bateria feroz.
Cantado integralmente em português, uma das marcas da banda, o intuito é aproximar o ouvinte o máximo possível das letras e fazer com que as pessoas se sintam representadas e acolhidas na música. A beleza da agressividade, o tom sincero de angústia e a mensagem de esperança dentro de toda aflição permeiam o álbum, que não se exime de explorar os cantos mais sombrios do sofrimento humano.
Os vocais brutais envolvem desde guturais graves a agudos rasgados e diversas variações de tons e técnicas. A vivência médica de UTI do vocalista Silvio trouxe para mesa toda experiência intensa, tanto física quanto psicológica, dos últimos anos. Músicas como Agonia e Cura refletem sobre falecer sufocado sem acesso a oxigênio, a mais básica de nossas necessidades. Já outras músicas como Punição, Severo e Rastro de Culpa discorrem sobre os danos psicológicos de auto-cobrança, desesperança e desilusão da vida moderna.
O álbum caminha para seu final com Fim do Mundo e Pandora, duas músicas que se complementam em evidenciar a devastação que caminhamos, num cenário apocalíptico de destruição e sangue, refletido na arte da capa do CD.
Forte Teor da Dor é uma obra intencionalmente indigesta, corajosa no sentido de se perder nas esquinas mais tenebrosas de um passado recente ainda não cicatrizado. O som violento reflete o genuíno sentimento de aniquilação, como toda história de horror deve ser.
Assista a faixa “Cura” em https://youtu.be/_XGU5mUKpQ
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